A Honda Twister 250 cc de Charles Yorlo sendo revisada no Box Expresso da Blokton Pinheirinho, em Curitiba. Foto: Arquivo pessoal.

O motoboy Charles Yorlo, de 34 anos, viu a concorrência aumentar nos últimos anos no segmento de entregas de mercadorias e alimentação. O serviço de atendimento “sob demanda” atraiu muita gente em busca de uma alternativa de renda, especialmente durante a pandemia quando houve uma escalada no nível de desemprego. 

O paranaense de Matelândia (Sudoeste do estado), atualmente morador em Araucária, na Grande Curitiba, exerce a profissão há mais de uma década. Em 2016, ele era um no contingente de 25 mil moto-entregadores pelo país. Hoje, já são mais de 322 mil, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O resultado desse boom é uma divisão maior no número de saídas para entrega, impactando no ganho desses trabalhadores, que, na maioria, são autônomos. Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) revelam uma perda média de rendimento de R$ 220. A remuneração mensal média de motoboy ou motogirl é de R$ 2 mil, mas pode chegar a R$ 3,5 mil dependendo da empresa que contrata o serviço e da região do país que atua.

Para não correr o risco de ver os ganhos encolherem ainda mais e tentar manter a lucratividade em tempos de alta concorrência no setor, uma das estratégias é focar, principalmente, nas características da moto e no cuidado com a revisão periódica.

 A Honda CG Fan é um dos modelos mais usados pelo mercado de delivery. Foto: Renyere Trovão

Preço acessível e fácil manutenção

Kaio Cesar Ribeiro, chefe de Oficina da Honda Blokton, explica que a moto-entrega é uma atividade que exige modelos de baixa cilindrada. As vantagens estão no preço relativamente acessível, melhor consumo, agilidade e praticidade no trânsito, fácil manutenção e peças com custos menores.

“A linha CG, com as opções Start 160, Fan 160 e Titan 160, são as mais procuradas do mercado. Há também quem prefira modelos com suspensão que proporciona mais conforto na pilotagem, como é o caso da Bros 160 e da XRE 190”, exemplifica o especialista da maior rede de concessionárias de motos no Paraná.

Charles Yorlo sabe bem o que esse tipo de escolha traz de benefícios financeiros para o bolso. “Eu sempre trabalhei com a linha de motos de 150 a 160 cilindradas da Honda. São mais econômicas no consumo e na aquisição e oferecem uma manutenção bem mais em conta que um exemplar maior”, destaca o motociclista, que transporta pedidos no ramo de pizzaria e de autopeças.

Por um bom tempo, o motoboy costumava realizar as entregas com uma CG 160 Fan. Em 2020, decidiu comprar também uma Honda Twister 250 para viagens com a esposa. Só que a mudança para um condomínio residencial fez a garagem dele ficar pequena para as duas. A essa altura ele já estava vislumbrado pela Twister e não pensou duas vezes.

Motoboy há 11 anos, Charles Yorlo também acelera sua Twister nos momentos de lazer. Foto: Arquivo pessoal 

O modelo mais potente possibilita Charles conciliar os passeios com a entrega de peças também para outras cidades, como Paranaguá (PR), Florianópolis (SC) e interior de São Paulo. “Corridas” que acabam sendo bem rentáveis. 

“Por ela ter um motor com maior potência, uso apenas 50% da sua capacidade, sempre rodando abaixo dos limites de velocidade das vias urbanas e estradas. Além de preservar os componentes, ganho em economia no consumo”, dá a dica.

Revisão periódica evita gastos inesperados

Aliada à escolha pelo modelo ideal está a revisão periódica, classificada por Kaio César como de extrema importância para quem passa o dia todo nas ruas em cima da motocicleta.

Segundo o chefe de oficina, o cuidado preventivo reduz sensivelmente o risco de acidentes. Isso se traduz em maior segurança e eliminar gastos desnecessários com a reposição de peças. Além de evitar que o veículo fique parado na oficina para o conserto, impedindo o profissional de trabalhar.

“Itens como freios, pneus, suspensão, direção e parte elétrica precisam funcionar perfeitamente. E, a manutenção minimiza em muito a chance de um desses itens falhar”, ressalta.

A revisão garante ainda o prolongamento da vida útil da moto e dos seus componentes, excluindo despesas inesperadas com manutenções corretivas. Caso contrário, todo o lucro obtido com as entregas acabaria comprometido.

A XRE 190 também é bastante procurada pelo seu conforto na pilotagem. Foto: Renyere Trovão

Renovação frequente da moto

A cada mil quilômetros rodados Charles Yorlo estaciona sua ferramenta de trabalho na oficina da concessionária Blokton, no Pinheirinho, para a troca regular do óleo lubrificante. Costuma ir às segundas-feiras logo pela manhã para ser um dos primeiros no atendimento do serviço Box Expresso, da BLK, e assim seguir o dia sem perder tempo.

“A minha moto fica parada de 30 a 40 minutos no máximo. Além do óleo, são verificados os freios e a lubrificação da relação (coroa, pinhão e corrente). Também a cada 10 mil km faço a substituição dos filtros de ar e de combustível”, diz Charles, que tem um histórico quase zero de imprevistos mecânicos nos modelos que já pilotou.

E não foram poucos! Simplesmente 14 exemplares ao longo de 11 anos de profissão. A quantidade elevada tem uma justificativa: a renovação da motocicleta a cada dois anos de uso. É o tempo suficiente para realizar somente as manutenções básicas, que não pesam tanto no orçamento.

O gasto médio mensal de Charles com revisão está na casa dos R$ 200. O custo maior acaba ficando com combustível – média R$ 850 ao mês. Mas, as boas condições de conservação permitem que a sua Honda Twister faça de 30 a 40 km com 1 litro de gasolina.

“Quando eu virei a chave de pilotar sempre uma moto nova, o custo com o cuidado periódico deixou de ser caro. E, aí você não quer voltar mais. Ao atingir 40 a 50 mil quilômetros, eu já começo a preparar a troca por uma zero”, finaliza.